Já pensou em escrever histórias para crianças? Além do crescimento do número de leitores durante o período da infância, esse nicho também é interessante para pedagogos e professores que desejam criar novos projetos educativos. Mas, como escrever um livro infantil capaz de atrair a atenção desse público e passar a mensagem certa para cada faixa etária? Confira algumas das melhores práticas neste post!
Índice
Como escrever um livro infantil pensando nas fases de formação do leitor
Os dados do Dados do Sindicato Nacional dos Editores de Livros (Snel) indicam que as vendas de livros infantis, de 2015 para 2016, cresceram em 28%.
Desde então, uma pesquisa de 2019 indica que 67% das crianças entre 5 a 10 anos são leitores, enquanto 84% daqueles que têm entre 11 e 13 anos também se dedicam à leitura. Daí em diante, a taxa de leitores por faixa etária no Brasil cai drasticamente, até voltar a crescer entre a população de 40 a 49 anos.
Ou seja, o nicho infantil é um dos que mais cresce no Brasil. Logo, apresenta maior demanda de produção por parte de escritores, editores e ilustradores.
Nesse sentido, se você deseja escrever para esse público, o primeiro passo é conhecer as diferentes fases de leitor. Assim, você será mais assertivo sobre como escrever um livro infantil. Além de poder atingir seu consumidor, terá mais chances de conquistar os corações dos pequenos. Acompanhe as dicas!
Características do pré-leitor
Então, para saber como escrever um livro infantil, é preciso compreender as características principais de cada fase.
Antes de tudo, a fase do pré-leitor envolve a primeira e a segunda infância. A primeira infância inclui crianças entre 15 meses e três anos.
Nesse momento, ela está aprendendo a reconhecer o mundo a sua volta e a estabelecer sua base de desenvolvimento afetivo. Depois de um tempo, a criança começa a nomear tudo a sua volta pela aquisição da linguagem.
Desse modo, passa a apresentar uma grande curiosidade por tudo o que é novo. Então, é uma ótima oportunidade de inserir no seu cotidiano livros que pareçam como um novo brinquedo, e uma nova forma de descobrir o mundo.
Ainda que os bebês não consigam entender a história do livro, a leitura em volta feita por um adulto o ajuda a desenvolver fatores como linguagem oral, criatividade e sensibilidade. Assim, o livro atrai sua atenção e estimula vários aspectos da aprendizagem.
Chegando à segunda infância
Já a segunda infância abrange crianças entre 3 anos até 6 ou 7 anos de idade. Nesse meio tempo, a criança começa a entender melhor alguns conceitos e símbolos. Por exemplo, noções de tempo, espaço, o que é considerado certo ou errado.
Sua compreensão de mundo ainda é bem dualista. Ou seja, os personagens são vistos como totalmente bons ou totalmente maus. Além disso, uma ótima dica de como escrever um bom livro infantil é criar histórias que apresentem um contexto familiar.
Além disso, é aconselhável que o livro dentro para o pré-leitor tenha mais recursos visuais. Nesse sentido, as imagens podem sugerir situações. Dessa forma, a partir de nomeações, a criança associa o livro com a realidade.
Por fim, a repetição de elementos é mais uma dica de como escrever um livro infantil pensando no pré-leitor. Por exemplo, rimas simples. Afinal, esse recurso ajuda a manter a atenção e o interesse desse leitor. Lembre-se: nessa idade, a criança ainda se dispersa facilmente.
O que é leitor iniciante
Este é o leitor entre os 6 e 8 anos. Dessa forma, nesse período, a criança começa a decifrar melhor os códigos e desenvolve mais apropriadamente a fala e o raciocínio lógico.
Ainda assim, é necessário um intermediador. Logo, cabe ao responsável estimular e até mesmo mediar a leitura. A linguagem dos livros para essa faixa-etária também deve ser simples. Além disso, é importante ter imagens acompanhando a história.
Nessa fase, a criança já desenvolveu melhor sua musculatura. Portanto, tem a capacidade de diferenciar os materiais de livros. Por exemplo, passa a não mais rasgar o papel, não como os mais novinhos.
Porém, para chamar melhor sua atenção, as histórias engraçadas são mais indicadas. Além delas, as aventuras e lutas entre o bem e o mal. Nesse momento, os famosos contos de fadas fazem sucesso.
Leitor em processo de 8 a 9 anos
Essa fase de transição é fundamental para o autor que deseja compreender melhor como escrever um livro infantil.
Diferentemente das fases anteriores, aqui, já encontramos o leitor no processo comunicativo mais desenvolvido. Nesse momento, a criança já consegue fazer operações mentais, devido ao aprimoramento do pensamento lógico.
Por isso, ela já se interessa também por resolver desafios. Desse modo, uma dica é desenvolver uma criação literária com uma boa reviravolta, bem como situações inesperadas. Sem dúvida, essas são boas formas de fisgar a atenção do leitor e mantê-lo até o final do livro.
Nessa fase, a criança também consegue entender o humor satírico. Já pode, inclusive, exercitar a leitura sozinha. Consequentemente, a experiência se torna mais pessoal e individual.
Por outro lado, se você busca saber como escrever um livro infantil para o leitor em processo, priorize frases simples, diretas e objetivas.
As imagens ainda são bem recebidas para este público. Mas, diferentemente das fases anteriores, agora, elas servem mais para complementar o texto. Afinal, nessa idade, a compreensão das linguagens já está mais sólida.
Pense também em um bom conflito ao longo da história. Isso ajudará a tornar a narrativa mais emocionante e cativante. Dessa maneira, o pequeno leitor será mais engajado e o risco de abandono do livro é menor.
Assim, o leitor pode desejar descobrir mais detalhes do lindo universo dos livros — que é o seu objetivo como autor!
Características leitor fluente
Nessa etapa, a criança tem entre 10 e 11 anos. A partir daí, já tem maior capacidade de concentração e está desenvolvendo o pensamento abstrato.
Nesse sentido, vale buscar compreender o fantástico mundo dos “pré-adolescentes”.
Por exemplo, abordar enredos que envolvam amor, justiça, superação, raiva e coragem. Pois, esses assuntos já fazem sentido para esse público. Além disso, essas temáticas chamam atenção por representar um desafio, contribuindo para o desenvolvimento abstrato.
Outras dicas do que abordar são valores políticos e éticos. Pois, apresentam ideias que ainda estão sendo descobertas nessa fase. Assim, são indicados livros com linguagem um pouco mais elaborada.
Em relação a gêneros literários, você pode pensar em escrever:
- Contos;
- Crônicas;
- Novelas;
- Histórias sobre lendas e mitos;
- Aventuras;
- Mistérios policiais.
Nesse momento, as imagens se tornam totalmente opcionais, mas ainda são formas de capturar sua atenção e estimular a imaginação.
Formação do leitor crítico
Finalmente, o leitor crítico começa a se formar a partir dos 12 e 13 anos. Embora, possa haver variações de acordo com o desenvolvimento da habilidade de leitura do indivíduo ao longo da infância.
Desse modo, as principais características desse leitor é conseguir ser reflexivo, ter maior autonomia e pensamento crítico. Aqui, o leitor tem o domínio da linguagem e da escrita, bem como a capacidade de intertextualização.
Assim sendo, é possível desenvolver um pensamento crítico à obra. Esse leitor passa a apresentar opinião sobre aquilo que lê, interessando-se por assuntos que envolvam sentimentos de saber, poder e fazer.
Como as fases do leitor orientam a escrita de livros infantis
Antes de tudo, o autor precisa ter em mente para quem a narrativa se dirige. Dessa forma, é possível criar uma história apropriada o público-alvo.
Logo, é essencial definir para qual das fases explicadas anteriormente você deseja produzir o livro infantil. Dessa forma, toda a sua escrita estará corretamente nivelada para o leitor que você deseja atingir.
Assim, você evitará incoerências, inconsistências e exageros, tanto de imagens quanto de textos.
Imagine um leitor pronto para receber uma obra repleta de reflexões e ideais. Mas, ao invés disso, ganha um livro cheio de figuras e uma capa com ilustrações de bichinhos. Sem dúvida, haverá um desapontamento.
Assim, as fases do leitor oferecem um norte sobre o tipo de história que você deve priorizar no planejamento do seu livro. Além disso, quais os melhores recursos visuais, bem como noções quanto temáticas e gêneros literários específicos.
Quando e como usar ilustrações
As imagens vão perdendo importância de significação e compreensão conforme o leitor avança entre as fases. Sobretudo, a partir da etapa do leitor em processo.
Porém, isso não restringe o uso de ilustrações. Até mesmo adultos apreciam essa expressão artística, que acaba enriquecendo o texto.
Por outro lado, é preciso adaptar o estilo de ilustração para cada uma das fases, pensando nas faixas-etárias indicativas de cada uma delas.
Um desenho para bebês não é o mesmo para pré-adolescentes, concorda?
Veja por exemplo a capa do livro “Harry Potter e A Pedra Filosofal”. Ela contém uma ilustração bem madura, mesmo sendo direcionada ao público juvenil (e os adultos também adoram!).
Já a capa do livro “Animais Bebês – Toque e Sinta: Patinhos” tem uma apresentação completamente diferente. Além do estilo da ilustração ser mais infantil, o formato do livro é diferenciado e ainda contém recursos que a criança pode tocar e sentir com os dedinhos.
Então, perceba que as possibilidades são infinitas. Desde a escolha do tipo de narrativa, temática ao desenvolvimento do projeto gráfico.
Mesmo que o autor conte com uma editora, é importante que ele mesmo saiba distinguir esses recursos a fim de avaliar o trabalho dos profissionais envolvidos. Ainda mais se estiver em um processo de autopublicação de livros.
Além da capa, o mesmo raciocínio pode valer para ilustrações internas, que poderão ir nas páginas do livro. Assim, considere o seu leitor público-alvo ao solicitar a ajuda de um ilustrador e/ou uma editora.
Seja um autor de livros infantis de sucesso!
Conhecer seu público é essencial para todo escritor. Quando falamos em como escrever um livro infantil, isso se torna ainda mais importante. Afinal, existem características diferentes e é preciso considerar o desenvolvimento cognitivo esperado de cada faixa-etária.
Portanto, analise as fases do leitor e produza uma narrativa compatível com a qual a sua história se encaixa melhor. Ou, ainda, procure tecer ideias compatíveis com o leitor que você deseja alcançar.
Assim, você estará mais perto de ser um autor infantil de sucesso. Gostou deste post? Compartilhe essas dicas com seus colegas!