Dicas de como começar um livro – book start

Book start: como começar um livro? Da primeira página ao além!

Muitos escritores se perguntam como dar aquele book start perfeito na sua obra. Como começar um livro de modo a prender a atenção desde a primeira página à última.

De fato, a qualidade do texto literário deve ser o foco principal de todos os escritores. Sobretudo, nas 3 primeiras páginas. Pois, essa é a média que um leitor decide se vai continuar lendo o livro até o final ou não.

Então, se você quer saber como cativar seus leitores e transformá-los em fãs do seu trabalho, desenvolva um book start impecável. Neste post, vamos mostrar como começar a escrever um livro, desde a concepção do início à escrita da primeira página. Confira!

Como começar um livro e fisgar o leitor com seu book start

Em primeiro lugar, analise a ideia do seu livro de uma visão macro. Ou seja, pense primeiro nos eventos mais marcantes da narrativa, na sua estrutura de Atos. Mais precisamente, já que estamos falando de como começar um livro, o desenho do Primeiro Ato. Também chamado de Apresentação, Introdução ou Situação Inicial.

A estrutura, conforme explicamos em mais detalhes no post “Como escrever um livro passo a passo”, diz respeito a traçar uma sequência de eventos estratégica a fim de estimular reações específicas nos personagens, fazendo a estória prosseguir até o ponto final da narrativa.

Resumidamente, os Atos são o resultado dessas sequências de eventos. Sendo que a estrutura clássica é formada por três Atos. Hoje, uma vez que nosso assunto é como começar um livro e criar um book start impecável, vamos nos ater ao Primeiro Ato.

Planeje o Primeiro Ato da sua estória

O Primeiro Ato de uma estória é a introdução dos principais aspectos da narrativa:

  • Protagonista e antagonista;
  • O mundo;
  • Espaço e tempo;
  • Conflitos;
  • Tipo de estória (gênero e subgênero literário);
  • O que está em jogo e o que desestabiliza esse mundo, dando uma guinada na estória.

Porém, é muito importante não “lotar” o leitor com informações demasiadas nesse primeiro momento.

Afinal, como mencionamos anteriormente, o hábito do leitor brasileiro, bem como a sua atenção, são restritos. Em média, o leitor nacional lê integralmente apenas 2,43 obras. Ou seja, se a estória estiver monótona nas primeiras páginas, as chances de abandono da leitura são maiores.

O primeiro ponto a se evitar quando o assunto é como começar um livro é o exagero de informações. Para isso, o autor precisa focar no que é vital para a compreensão dos tópicos apontados acima.

Nesse sentido, priorize introduzir seu protagonista, o mundo em que ele vive, seus desejos, motivações e o que está impedindo-o de prosseguir na sua jornada.

O ponto de vista do protagonista

O protagonista é a força de vontade da estória. Ele ou ela deve ser pressionado (a) pelos eventos da narrativa a fim de que o seu livro vá do ponto de partida ao ponto de chegada. Ou seja, é o protagonista que conduz o leitor do início ao fim.

Mas, o protagonista só consegue cumprir essa função se o autor criar uma estrutura que assim o permita. Logo, estrutura e protagonista estão intimamente conectados.

Nesse ínterim, o autor precisa examinar esse personagem e saber com muita clareza:

  • O que ele ou ela quer (desejos);
  • O que precisa (lição após concluir a jornada);
  • Como ele ou ela expressa esses desejos e por que (ações / motivações);
  • Qual a estória pregressa desse personagem, como ele chegou até aqui (antes do início do livro);
  • O que impede sua progressão (bloqueios / conflitos / forças do antagonismo).

Empatia

O protagonista deve ser alguém voluntarioso, que toma decisões e tem reações proporcionais aos eventos da narrativa. Mesmo que o autor retrate alguém passivo, essa passividade deve fazer sentido para o leitor. Por exemplo, gerar conflitos internos que fazem a audiência se identificar com tal personagem. Algo que faça o leitor pensar: “será que eu agiria assim nessa situação?”.

É nesse sentido que dizemos que o protagonista deve ser empático, mesmo que não seja simpático. Ele ou ela pode ser alguém desprezível ou um verdadeiro herói. Mas, o público precisa conseguir se conectar com esse personagem. Sentir na pele o que ele ou ela está passando.

O ideal é começar um livro já proporcionando essa conexão. Para isso, tenha em mente os pontos citados anteriormente e imagine situações capazes de ilustrar, em doses homeopáticas, cada um desses aspectos do seu protagonista.

Exposição

Segundo Christopher Vogler, a exposição é:

“A arte de ir revelando com elegância essa estória pregressa e qualquer outra informação pertinente sobre o enredo: a classe social do herói, sua formação, seus hábitos, experiências, bem como as condições sociais dominantes e as forças adversárias que podem afetá-lo.”

Assim, “elegância” significa entregar a informação certa na hora certa para o leitor. Aquilo que ele precisa saber para compreender os eventos do livro.

Ou seja, o ideal é que o escritor deixe o leitor deduzir e especular sobre esse mundo e seus personagens com a experiência que já tem de outras estórias similares.

Lembre-se: a audiência já consumiu diversos tipos de estórias e formatos. Dessa maneira, consegue identificar padrões similares e deduzir algumas informações somente pela ambientação da estória.

Portanto, cabe ao autor criar um ambiente que ligue o leitor ao protagonista e o faça deduzir por conta própria mais ou menos quem é esse personagem.

Por exemplo, ao invés informar diretamente que o protagonista é alguém que não completou o nível básico de escolaridade, mostre isso com diálogos e cenas envolventes.

Talvez, uma cena em um trabalho braçal, em que esse personagem conversa com seu colega e, nesse meio tempo, solta uma palavra “incorreta” dentro da gramática normativa.

Em seguida, a cena pode seguir com esse personagem pegando um ônibus lotado, voltando para sua casa, localizada em um bairro X da periferia da sua cidade.

O que o leitor consegue deduzir dessa exposição?

Provavelmente a ideia que o autor quer passar: a classe social desse personagem, sua formação, condições sociais e etc.

Problemas internos e externos

Ainda sobre o protagonista, é essencial apresentar no seu book start quais são os principais desafios desse personagem.

Quando imaginar como começar um livro, trace situações que mostrem ao leitor quais os problemas internos e externos do protagonista. Isso também já revela a natureza do antagonista.

O problema externo, geralmente, é mais fácil de criar. É algo no mundo que atrapalha a vida do protagonista.

No exemplo anterior, poderia ser a origem humilde da família do protagonista que restringiu suas oportunidades. Consequentemente, teve pouco acesso a estudos, o que reduziu suas oportunidades profissionais. Assim, acabou em uma situação de baixa renda, lutando para sobreviver em um mundo desigual.

O problema externo pode ser a estrutura social, a vida suburbana, a falta de tempo para lazer e cuidar do bem-estar.

Criando camadas com dilemas internos

Por outro lado, o problema interno é mais complexo. Porém, extremamente necessário a fim de criar personagens mais interessantes. Afinal, um personagem sem conflitos internos tende a ser chato.

Nesse sentido, pense em uma falha de caráter (que poderá ser corrigida ou não ao longo da estória, dependendo das suas escolhas criativas). Imagine algum dilema moral. Por exemplo, no caso do nosso protagonista ilustrado acima, pode vir uma chance de expandir seus recursos financeiros, mas de maneira ilícita.

Quem sabe, ele encontra no ônibus uma carteira cheia de dinheiro (de outra personagem que acabou de sacar toda a sua aposentadoria, talvez, que poderia ser explorado em uma subtrama), e passa a enfrentar um conflito se entrega ou não a carteira.

Sem dúvida, isso trará o público para dentro da estória. Pois, você apresentou elegantemente problemas externos e internos em uma situação fácil de imaginar, criando assim uma empatia entre personagem e leitor.

Logo, é fácil se colocar no lugar desse protagonista e deduzir como ele chegou até aqui. Então, o leitor continua virando a página a fim de conhecer melhor esse personagem e saber o que ele vai fazer em seguida.

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Espaço e tempo

Tão importante quanto o protagonista e as forças do antagonismo que dificultam sua vida é a noção de espaço e tempo.

No exemplo anterior, sugerimos que o protagonista transitasse pela cidade de ônibus. Isso ajuda a mostrar ao leitor de forma homeopática onde essa estória se passa.

Assim, o autor pode descrever as ruas citando alguns pontos de determinado endereço, ilustrando com cenas e imagens fáceis de conceber o espaço físico dessa narrativa.

Sem dúvida, mostrar ao invés de simplesmente dizer “essa estória se passa no subúrbio carioca”, por exemplo, é mais cativante e gera maior identificação para quem conhece essa realidade.

Além disso, é preciso colocar elementos nessa ambientação que demonstrem em que período de tempo esse livro está sendo narrado. Só para exemplificar, se o protagonista observa pessoas sentadas no ônibus com fones no ouvido e trocando “zaps” nos seus celulares enquanto ele está em pé, espremido pelos demais passageiros, isso mostra ao leitor que a estória se passa nos dias atuais. Sem mesmo o autor dizer abruptamente uma data.

Personagem no ônibus lotado

Agora, se o ponto de vista do protagonista recai sobre passageiros sentados trocando as fitas cassetes do seu Walkman, isso proporciona outra dimensão de tempo à estória. Entre o final dos anos 1970 e meados dos anos 1980, talvez.

O que está em jogo

Até aqui, já exemplificamos bastante como o autor pode ir apresentando ao longo do começo do livro quais os conflitos que envolvem o protagonista e demais personagens da narrativa. Sejam eles internos ou externos, sendo que o melhor é combinar esses dois aspectos.

Porém, além de levantar tais dilemas e suas condições dramáticas, as consequências das decisões e reações do protagonista também são fundamentais quando pensamos em como começar um livro.

Tomando o exemplo do protagonista que descrevemos até aqui, pense: como a vida desse personagem seria impactada se ele decidir ficar com a carteira?

Esse personagem pode desejar ficar com o dinheiro, mas temer ir preso e deixar sua família desprovida. Ao mesmo tempo, seu primogênito pode vir a apresentar um problema de saúde. Que por sua vez, exige desse protagonista um investimento maior com remédios e consultas médicas.

Ele precisa de dinheiro e a carteira está lá, chamando-o a consumar o furto. Se ele ceder, pode salvar a vida do seu filho (pelo menos nesse momento). Se decidir ser honesto acima de tudo, pode prejudicar o bem-estar de quem ama.

Prendendo o leitor na teia dos acontecimentos

É assim que traçamos o que está em jogo: criando situações que dificultem o protagonista e o pressionam a reagir de forma que mostre quem de fato é. Além disso, quem não se identificaria com um pai de família sem oportunidades na vida, com problemas de dinheiro, tentando salvar a vida do seu filho primogênito, mesmo que isso custe sua honestidade?

Enfim, estes são exemplos de como começar a escrever um livro de modo a gerar empatia e interesse nos leitores.

Desse modo, eles vão continuar lendo até descobrir o que esse protagonista vai fazer em relação aos seus problemas e quais são as consequências dessas ações. Se o autor conseguir manter esse ritmo durante toda a narrativa, as chances do leitor ser fisgado até o final são maiores.

O tipo de estória que o autor pretende contar

Além de personagens principais, espaço e tempo, conflitos e consequências, o book start deve ambientar o leitor no tipo de estória do livro. Ou seja, no gênero e subgênero literário dessa obra.

Quanto aos gêneros literários, em suma, a literatura classifica em três grupos:

  • Épico ou narrativo;
  • Lírico;
  • Dramático.

Sendo que existem também subgêneros, conforme indicaremos mais adiante.

Gênero épico / narrativo

É caracterizado pela presença de um narrador, responsável por contar a estória a partir do seu ponto de vista. Este gênero inclui as modalidades:

  • Épico: focada em um herói, bem como sua jornada;
  • Fábula: narrativa curta, em prosa ou verso, que adota preceitos morais, bem como personagens animais com atitudes e caracterização geral semelhante a seres humanos;
  • Epopeia: poema extenso que narra uma lenda ou um herói histórico, representando uma coletividade;
  • Novela: meio termo entre o conto e o romance, em relação à extensão da obra;
  • Conto: narrativa que aborda um universo de seres, de fantasia ou do cotidiano, porém mais curta, contada em forma de prosa;
  • Crônica: narrativas curtas com foco em acontecimentos cotidianos, corriqueiros;
  • Ensaio: avaliação crítica ou opinião formalizada sobre determinado assunto;
  • Romance: estória mais extensa, composta por um enredo completo, com personagens, relações de tempo, espaço e foco narrativo.

Gênero lírico

Gênero literário que expressa majoritariamente sentimentos e emoções, permeando a função poética da linguagem. Incluem:

  • Elegia: poema composto de versos livres ou tercetos, que são tristes e melancólicos;
  • Ode: tipo de poema composto por estrofes de versos com medida igual, mantendo um tom alegre e entusiasmado;
  • Écloga: também conhecido como pastorela, são poesias bucólica, campestres, com diálogos de pastores;
  • Soneto: tipo de poema de estrutura fixa combinadas a rimas específicas, decassílabos ou alexandrinos.

Gênero dramático

São os passíveis à representação e encenação teatral. Envolvem:

  • Auto: que costumam trazer comicidade e/ou intenção moralizadora;
  • Comédia: que visa criticar e satirizar a sociedade, bem como o comportamento humano por meio de artefatos ridículos. Tem também o objetivo de provocar o riso, ser prazeroso e divertido;
  • Tragédia: geralmente envolve personagens como deuses e semideuses com fins desastrosos, funestos;
  • Tragicomédia: mistura de elementos da comédia com a tragédia;
  • Farsa: caracterizada por ter um caráter crítico, com diálogos simples e personagens caricatos, muitas vezes representados por situações corriqueiras e cômicas.
Subgêneros do romance

O romance é o gênero literário mais consumido na contemporaneidade. Por isso, vamos citar alguns subgêneros possíveis para você avaliar como autor. A saber, Romances…

  • Histórico: reinterpretação de fatos históricos narrados sob ponto de vista fictício;
  • Indianista: que coloca o índio e a cultura indígena como foco literário;
  • Psicológico: que foca nos conflitos interiores dos personagens e, portanto, são mais subjetivos e minimalistas;
  • Policial: caracterizado pela ocorrência de um crime, que é investigado ao longo da estória e, revelado ao final da narrativa;
  • Aventura: que coloca o protagonista em diversas atividades, como viagens, ligadas ao ato de explorar e descobrir novos mundos;
  • Suspense: são os que provocam sustos no leitor, já que são estruturados a partir de cortes repentinos;
  • Mistério: prende a atenção do leitor pela curiosidade, conduzindo o leitor por meio de pistas falsas e verdadeiras até o desfecho, quando é resolvido;
  • Terror: que geralmente aborda o sobrenatural e criaturas como bruxas, vampiros, lobisomens e outros seres horripilantes com o intuito de provocar sentimentos como medo, pânico e pavor;
  • Biográfico: com foco em histórias verídicas;
  • Epistolar: narrativa fictícia contada em forma de cartas, bilhetes, diários, e-mails, testamentos e etc.;
  • Fantasia: que envolvem fenômenos sobrenaturais ou mágicos como elementos do enredo, explorando o imaginativo;
  • Ficção-científica: também utiliza elementos imaginativos, porém com caráter científico e tecnológico, abordando situações e eventos relacionados ao futuro, bem como os impactos e consequências disso em determinada sociedade.

Como usar os gêneros literários

Antes de tudo, ao identificar qual o tipo de estória que deseja contar, o escritor precisa estudar este determinado gênero / subgênero literário. Antes mesmo de planejar como começar um livro.

Pois, os gêneros e subgêneros da literatura têm suas características próprias, suas formas e padrões. Tudo isso precisa ser adotado e reinventado pelo autor de acordo com seu próprio estilo.

Além disso, o público tem a sua própria “bagagem” do consumo de outros livros dentro dos diferentes gêneros. Logo, é fundamental manter as características principais de cada tipo de livro a fim de facilitar a identificação por parte do leitor.

Desse modo, também facilitamos a comunicação por meio da capa do livro, ações de marketing, publicidade e etc. Assim, a audiência embarca na estória com as expectativas certas.

O tema

Desde o início, também é interessante situar o leitor quanto ao tema do livro.

Diferentemente de uma estória de amor, redenção ou vingança, um tema ilustra a relação entre o que o protagonista quer / precisa, apontando para a lição desse personagem no final da narrativa. Ou seja, está ligado a toda ideia central do livro, bem como sua moral.

Assim, o tema traduz em uma frase algo importante, que o leitor precisa guardar ao final da leitura. Alguns exemplos de temas são:

  • Quem é você;
  • Amar é deixar ir;
  • Seu destino depende da sua coragem;
  • Antes só do que mal acompanhado;
  • Existem outras coisas na vida além do trabalho;
  • E etc.

Perceba, então, que muito mais que uma palavra solta, um tema precede a ideia central do livro. Logo, é importante estar nos elementos iniciais de um livro.

Só para ilustrar, veja o caso da animação Frozen. O tema poderia ser: liberte-se para ser quem você é. (inclusive, este é o tema da música tema do filme! Rs.).

Enfim… Desde o começo do filme, Elsa é pressionada a esconder seus poderes, tanto da irmã quanto de toda sociedade. Ela precisa “encobrir” sua verdadeira identidade. Isso é representado pelas luvas, pela porta do quarto sempre fechada, os diálogos com o pai, que insiste em manter o segredo sobre seus poderes e etc.

Do Primeiro Ato para o Segundo Ato, as coisas vão se complicando e Elsa cai em si: “agora que descobriram meus poderes, eu sou livre para ser quem sou”.

Frozen - Elsa em Let It Go

Claro, tem mais alguns acontecimentos importantes que conduzem ao clímax e, finalmente, à resolução. Porém, por ora, vamos nos ater a este exemplo a fim de compreender como o tema pode estar sutilmente presente desde o início de uma estória.

Como descobrir qual o tema do seu livro

Para descobrir qual o tema do seu livro, investigue novamente a personalidade do seu protagonista. Entenda qual a jornada que ele ou ela traçará ao longo da narrativa. Pense em quais são suas falhas e se isso será corrigido ao final. Seja como for, analise as consequências e qual a moral dessa estória.

O resumo disso tudo em uma frase será o tema do seu livro.

A guinada na estória

Ainda faz parte do Primeiro Ato o chamado Incidente Inicial ou Evento Instigante da estória.

Esse é um dos eventos mais importantes de toda narrativa. Portanto, ao pensar em como começar um livro, reflita em como criar o melhor Incidente Inicial.

Esse evento é responsável por desequilibrar o mundo do protagonista. De modo que esse personagem busque o reequilíbrio, o que gera mais conflitos, os quais levam a estória em direção ao desfecho.

Em suma, esse é o acontecimento que vai fazer o seu protagonista se mexer, impulsionar seus desejos e ativar suas motivações.

Só para exemplificar, em Rocky, o Incidente Inicial é quando o lutador é chamado para disputar o título com o campeão mundial.

Em Harry Potter e a Pedra Filosofal, seria quando a primeira carta de Hogwarts chega à casa dos Dursley. Esse acontecimento desequilibra tanto a família que o tio de Harry resolve ir embora… Para bem longe! Lembram? Rs.

Harry Potter cena carta de Hogwarts

Diferentemente desses dois exemplos, no filme “Do fundo do Mar” o Incidente Inicial acontece logo nos primeiros minutos: um tubarão ataca um barco, destruindo o veículo como se possuísse uma força sobrenatural. A fera é alvo de estudos e testes em laboratório. Ninguém sabe como escapou. Aparentemente, saltou mais alto do que as cercas da sua “jaula”.

Assim, perceba que este evento, além de iniciar a trama, também dá o tom da estória, apontando para seu gênero e subgênero.

Onde colocar o Incidente Inicial

Como você viu nos exemplos anteriores, não há uma regra rígida do local do Incidente Inicial no design da estória.

Mas, existem formas de tomar escolhas criativas mais assertivas quando você estiver imaginando como começar um livro.

Segundo Robert Mckee, um bom norte é:

“Trazer o Incidente Inicial da trama central o mais breve possível… Mas apenas quando ele estiver maduro.”

Analisando…

Por exemplo, no caso de Rocky, o público precisa conhecer um pouco mais sobre seus conflitos internos e externos com o intuito de gerar empatia.

Assim, vemos que ele já passou da idade de ser bem-sucedido no Boxe, é menosprezado pelo seu suposto treinador, tem um segundo trabalho que aparenta reprovar, mora em um lugar sujo e bagunçado e ainda está apaixonado por uma mulher que quase não fala de tanta timidez.

Ao redor desse protagonista, vemos uma periferia marginalizada, outros personagens problemáticos e uma carência em todo lugar.

Por fim, identificamos que o protagonista não quer somente ser um lutador. Ele é um lutador no sentido do esporte, mas também da vida! Também percebemos que seu maior desejo, na verdade, é ser alguém. Como ele é um “brutamontes”, o esporte é seu caminho para alcançar esse objetivo.

Rocky subindo as escadas

Então, o Incidente Inicial é jogado mais para frente. Para tornar o processo mais interessante, o roteirista nos apresenta subtramas interessantes. Como o romance entre Rocky e sua amada, Adrian.

Cena Rocky chamando Adrian

A abertura é uma luta. Isso dá ao público a identificação do tipo de filme: esporte. A subtrama prende a atenção do público até o Incidente Inicial, misturando outros elementos, como humor, romance e drama.

Até, finalmente, o mundo de Rocky ser abalado pelo convite para lutar com o campeão mundial. Então, ele precisa tomar uma decisão e reagir a esse evento.

Por outro lado, quando a trama é menos complexa, como em “Do Fundo do Mar”, você pode colocar o Incidente Inicial o quanto antes. Em estórias mais profundas, talvez, seja necessário incluir subtramas que coloquem a audiência na pele do protagonista. E só depois dar a guinada iniciante.

Incidente Inicial e gênero literário

Além da questão da identificação e empatia, outro fator que influencia na escolha de onde colocar seu Incidente Inicial é o gênero literário.

Cada um deles têm as suas características e vale a pena observar como a guinada para trama acontece neles. Por exemplo, no Romance Policial, geralmente, o crime acontece logo no início, movendo o protagonista para a trama.

Então, tem uma estória dentro da estória: a investigação desse crime. Também é comum acontecer outro crime ao longo do livro, pressionando o protagonista para mais perto do desfecho.

Já na fantasia, o Incidente Inicial tende a ser depois da apresentação do herói e do mundo. Por exemplo, em “O Senhor dos Anéis”, vemos a festa de Bilbo, suas estórias sobre suas aventuras quando jovem, até chegar à trama central do Um Anel.

Anel - O Senhor dos Anéis

Capriche na primeira página

Depois de planejar o panorama geral do começo em nível macro, o autor está mais perto de colocar a mão na massa e escrever.

Ao concluir a estrutura completa do livro (Segundo Ato e Terceiro Ato), o autor precisa criar a primeira página de ouro.

Não é exagero dizer que a abertura da sua estória precisa ser mais perfeita possível.

Nesse sentido, existem várias formas de começar um livro, pensando na primeira linha de texto. O autor pode começar com:

  • Um diálogo;
  • Um prólogo, que pode introduzir pontos importantes da estória pregressa do livro, antes mesmo de abordar os personagens principais;
  • Uma descrição do mundo onde os personagens vivem;
  • Uma cena de ação que vai se desenrolando ao longo do primeiro capítulo;
  • Um crime que será investigado ao longo do livro
  • Uma apresentação do narrador, do tipo “Meu nome é Fulano de tal”;
  • Etc.

Dicas para escrever as primeiras linhas do seu livro

O importante é focar no engajamento com o leitor por meio da empatia e identificação. Como apontamos até aqui, isso é possível através do protagonista. Isso também pode vir a surgir no contraste entre protagonista e antagonista, contando a estória em subtramas envolventes.

Pense na melhor maneira desses personagens entrarem em cena, criando situações relacionadas aos seus desejos, motivações e conflitos, conforme exemplificamos anteriormente.

Além disso, atente-se quanto à forma do texto, caprichando nos recursos de linguagem, como a pontuação correta, diálogos interessantes e figuras de linguagem, por exemplo.

Finalmente, revise minuciosamente a primeira página para evitar erros ortográficos, provenientes de deslizes e falhas de digitação. Esses equívocos “quebram” a leitura, tirando a atenção do leitor. Essa atenção inicial é primordial para que concluam a leitura.

Portanto, é fundamental garanti-la nas primeiras páginas. Corrigir erros ortográficos e gramaticais ajuda a manter uma leitura fluida, gerando aquela “magia” literária.

Já explicamos que a revisão faz parte dos passos para publicar um livro, mas a primeira revisão deve vir do escritor. Não à toa, faz parte do processo criativo proposta por nossa fundadora, Dani Ferreira.

Essa “lapidação” deve ser feita, sobretudo, na primeira página. Pois ela é a grande responsável por convidar o leitor para dentro da estória.

Crie capítulos com tamanho estratégico

Muitos escritores que buscam como começar um livro se perguntam qual o melhor tamanho do primeiro capítulo, bem como dos demais.

Novamente, não existe uma regra.

Porém, a tendência é que o leitor se engaje mais com capítulos menores, entre 3 a 7 páginas. 10 no máximo.

Assim, o escritor dá aquele “gostinho de quero mais” em cada final de capítulo, fazendo o leitor virar a página. Assim, a pessoa termina a leitura sem ao menos sentir que ficou horas e horas lendo!

Ao contrário, quando o capítulo é extenso demais, a atenção do público tende a cair. Claro que existem exceções e, dependendo do gênero literário e da audiência, isso não acontece.

Mas, vale a pena testar e ver como seus leitores reagem. Portanto, mantenha o diálogo aberto com as pessoas e aproveite as críticas construtivas.

Por outro lado, mais importante do que a extensão do capítulo é o seu desenvolvimento. É fundamental conectar as ideias e estimular a curiosidade do leitor entre o final de um e o início do próximo.

Comece seu livro do jeito certo!

E estas foram nossas dicas de como começar um livro. Gostou de saber o que não pode faltar em seu book start?

Com planejamento e fazendo as escolhas criativas adequadas, considerando o gênero literário, as expectativas do público e seu próprio estilo como escritor, você será capaz de criar um começo instigante e certeiro!

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