Você tem uma ideia para uma obra literária e quer saber como escrever um livro passo a passo? Se sim, este conteúdo inédito e exclusivo será seu maior guia!
O método descrito aqui foi identificado e usado pela escritora Dani Ferreira, que possui publicações diversificadas, tendo participado com alguns dos seus títulos em reconhecidos prêmios literários nacionais, como o Sesc de Literatura e Kindle de Literatura.
Então, quer saber como escrever um livro passo a passo com quem entende do assunto? Continue lendo e aprenda a adaptar o método Dani Ferreira de escrita à sua carreira literária!
Índice
Como escrever um livro passo a passo para o sucesso
Em primeiro lugar, a autora recomenda deixar a ideia crescer naturalmente em sua mente por um processo de incubação > descoberta > incubação.
Isso porque as etapas deste processo criativo são dinâmicas ao invés de lineares. Ou seja, você pode ir e voltar em um dos passos até conseguir avançar completamente.
Passo #1: Incube sua ideia em um ambiente imaginativo
Assim sendo, segunda Dani Ferreira, a incubação é a:
“Etapa em que o escritor busca e encontra uma ideia com significado e a deixa crescer naturalmente em sua mente por um tempo”.
Sabe aquele insight que os autores têm quando estão na fila do banco, andando na rua, tomando café e tal? São esses pequenos vislumbres, aparentemente sem muito sentido, que devem ser armazenados e estimulados pela imaginação do contador de histórias.
De fato, inúmeras pesquisas mostram que o cérebro humano precisa de um tempo para fazer conexões entre uma informação e outra. E a criatividade se trata justamente de realizar novas conexões, como certa vez disse Steve Jobs:
“Criatividade é apenas conectar as coisas. Quando você pergunta às pessoas criativas como elas fizeram alguma coisa, elas se sentem um pouco culpadas, porque elas não fizeram algo realmente, elas só viram algo. Parecia óbvio para elas o tempo todo.”
Como?
Simples, o processo criativo envolve novas descobertas e uma “pausa” nas informações coletadas. Ou seja, a incubação dessas informações até que o cérebro faça as conexões por conta própria.
Acredite, seu cérebro sabe trabalhar no “piloto automático”. Basta deixar a ideia se autoalimentar por meio das novas experiências que você terá enquanto pessoa.
Nesse primeiro momento de como escrever um livro passo a passo, o importante é deixar a imaginação trabalhar, divagar o mundo o qual você está disposto a criar como um escritor de ficção.
Em seguida, chega a hora de investigar a fundo essa estória.
O que é uma boa ideia para um livro
Na definição da etapa de incubação, a escritora Dani Ferreira compartilha uma informação importante — a ideia com significado. Mas, o que seria isso?
Segundo a proposta da autora, é a ideia que está alinhada aos valores, às crenças e à visão de mundo do escritor. De acordo com seu projeto de mentoria literária para escritores de ficção, Dani defende que somente trabalhando com aquilo que se acredita é possível ser verdadeiro e, assim, abrir um caminho empático com os leitores.
Em suma, se a ideia e a moral da estória tem importância para o autor, primeiramente, ela vai servir como motivação e levantá-lo a escrever. Em segundo lugar, irá de encontro com pessoas que tem a mesma visão de mundo do autor, criando um elo poderoso entre a escrita e a leitura.
É assim que é possível tocar o leitor, emocioná-lo e fazê-lo “devorar” o livro até a última página!
Passo #2: Descubra os detalhes da sua estória
O segundo passo relacionado a como escrever um livro se trata de conhecer a fundo os elementos da estória que você está se propondo contar. Esta é a
“Etapa em que o escritor faz perguntas à ideia incubada a fim de conhecê-la vividamente, em todas as dimensões possíveis.”
Uma ideia evolui da incubação para a descoberta e em diante quando apresenta (no mínimo):
- O fato principal (o que você vai contar) (Pergunte: “o que poderia acontecer nesta situação?”)
- Personagens (Pergunte: “Quem estaria numa situação assim?”)
- Conflito: (Pergunte: “O que está em jogo?” “O que é mais importante?”)
Como descobrir essas questões?
No centro da descoberta está a pesquisa.
Só que, como mencionado anteriormente, este processo não é linear. Nesse sentido, quanto mais descobertas você faz por meio da pesquisa, mais perguntas veem a mente, o que conduz a novas pesquisas. Isso é repetido até a ideia estar completamente clara na mente do autor.
Afinal, para transmitir essa ideia de forma vívida para os leitores, o escritor precisa ser um criador em toda a sua plenitude, capaz de conhecer todos os detalhes do mundo e dos personagens criados.
Pesquisa
Com relação às pesquisas, de acordo com Robert Mckee, escritor do livro Story – Sbstância, Estrutura, Estilo e os Princípios da Escrita de Roteiro, elas podem ser de:
- Memória: relembrar tudo o que se sabe sobre os aspectos da sua estória;
- Imaginação: perguntar sempre “e se…?”;
- Fatos: ir além das experiências pessoais e pesquisar no Google sobre fatos reais relacionados ao contexto da estória.
Essa investigação aliada às diferentes esferas de pesquisa ajuda a preencher lacunas de:
- Localização: espaço físico e geográfico, onde a estória se passa;
- Período: lugar da estória no tempo. Por exemplo, é uma estória medieval? Contemporânea ou futurística?
- Duração: extensão da estória ao longo do tempo. Ela vai passar em quanto tempo? Um dia? Um semestre? Um ano?
- Conflito: o que está em jogo nesta estória?
Desse modo, a pesquisa também ajuda a responder:
- Que tipo de estória é essa? (gênero literário)
- Quem é o protagonista? O que ele quer, quais suas motivações e o que ele precisa?
- Quem é o antagonista? Qual o obstáculo na jornada do protagonista?
- Qual o ponto de partida e o ponto de chegada da estória (como ela começa e como termina)?
- Qual (ais) evento (s) levará (rão) a estória progredir do ponto de partida ao ponto de chegada?
- Qual a estória pré-gressiva? O que aconteceu antes dos eventos narrados?
Passo #3: Planeje a sua narrativa
“Etapa em que o escritor usa técnicas e ferramentas para criar o esqueleto da narrativa.”
Toda boa estória tem uma base, um pilar, construído por meio de planejamento mínimo.
Muitos escritores pensam que isso inibe a criatividade, mas na verdade serve para potencializar suas habilidades criativas.
Imagine se deparar com uma página em branco sem saber o que escrever? É pedir demais para a criatividade!
Ao invés de se esforçar ao máximo sem ter um norte para avançar, planeje sua estória.
Enredo
Partindo do ponto de vista do seu protagonista e do antagonista, caracterize e relacione os demais personagens até ter uma visão geral do elenco do seu livro.
Depois, analise qual o tipo de narrador a ser utilizado. Lembrando que existem, principalmente:
- Narrador personagem: que participa da estória e exige um texto escrito em primeira pessoa (eu, nós).
- Narrador observador: que não participa da história, mas observa a situação de fora, o que exige que o texto seja escrito em terceira pessoa (ele, ela, eles, elas).
- Narrador onisciente: que sabe de todos os fatos, mesmo não participando efetivamente da estória. Esse tipo de narrador pode até mesmo descrever os pensamentos e sentimentos dos personagens, como se tivesse um conhecimento sobrenatural.
Como escolher o narrador da estória
De acordo com Dani Ferreira, se estiver escrevendo seu primeiro livro, escolha o tipo de narração que for mais simples para você e mais próximo do seu agrado.
Depois, conforme for aprendendo mais técnicas e praticando um pouco mais, evolua para novos tipos de narradores analisando:
- O gênero literário que está sendo trabalhado;
- As expectativas do leitor nesse tipo de estória;
- Os diferenciais do livro a ser produzido;
- As tendências atuais;
- Etc.
Tempo e espaço
Ainda faz parte do seu enredo as dimensões de tempo e espaço. Até esta etapa de como escrever um livro passo a passo você já definiu durante as pesquisas um resumo geral desses pontos.
Mas, aqui, vale esquematizar mais detalhadamente as relações dos personagens, a região onde vivem, o contexto histórico da narrativa e etc.
Estrutura
Levantando os alicerces da sua narrativa, é hora de montar a sua estrutura.
“Estrutura é a seleção de eventos da estória da vida dos personagens, composta em uma sequência estratégica para estimular emoções específicas, e para expressar um ponto de vista específico.” — Robert Mckee.
Uma estória é composta por eventos capazes de pressionar o protagonista do ponto de partida até o ponto de chegada da estória. Ao longo da narrativa existem diversos “níveis” de eventos, que vão progredindo e tornando a vida do protagonista mais difícil, até levá-lo a uma escolha que culmina no clímax e, posteriormente no desfecho da estória.
Esses eventos são representados em forma de cenas, que são divididas ao longo dos capítulos do livro.
Uma série de cenas geram sequências, que tem um impacto um pouco maior do que as cenas. Por sua vez, as sequências geram Atos, que levam a estória a pontos de crises, chamados de clímax de ato.
Chegando aos Atos, tudo parte da estrutura básica proposta desde a Grécia Antiga: início, meio e fim. Em outras palavras, Primeiro Ato, Segundo Ato e Terceiro Ato.
Primeiro Ato (Apresentação)
Nesta parte da estória, o escritor apresenta o protagonista e seus personagens próximos. Também começa a mostrar quais as forças do antagonismo.
O leitor precisa entender a dinâmica desse mundo e ter uma empatia com o protagonista.
Depois, ocorre um Incidente Inicial, que tira o protagonista e o mundo onde ele vive do equilíbrio. O protagonista tenta retomar ao equilíbrio, mas um novo evento piora a situação, a saber: a crise inicial, também chamada de Crise do Primeiro Ato.
Segundo Ato (Confronto)
A partir daqui, o antagonismo vai se intensificando e criando obstáculos cada vez maiores entre aquilo que o protagonista deseja. O Segundo Ato se trata das reações do protagonista frente às forças do antagonismo.
Até que chega a um ponto que dá tudo errado na trajetória do personagem principal, o que os storytellers da Pixar chamam de ponto baixo. Outros estudiosos denominam esse momento como desastre.
Aqui, o protagonista tem que fazer uma escolha sem volta, indo em direção ao desfecho, ou seja, ao confronto direto com as forças do antagonismo. Aqui, é a crise ou o clímax deste ato.
Terceiro Ato (Resolução)
Na virada do Segundo Ato para o Terceiro Ato, o protagonista enfrenta o obstáculo final, o teste final contra o antagonista.
É nesta hora que faz a escolha que revelará seu arco e qual tipo de personagem se transformará na resolução da estória.
Ao final, o escritor coloca os “pingos nos is” e finaliza a narrativa.
Arco do personagem
A estrutura serve para criar a pressão que o protagonista precisa para sair do ponto inicial ao ponto final da estória. Por isso, é fundamental planejar quais são esses pontos e quais eventos terão o poder de fazer o protagonista se mover na sua trajetória.
Uma ferramenta que ajuda a visualizar que tipos de eventos seriam estes são os arcos do personagem.
Em suma, existem 3 tipo de arcos principais:
- Transformação: muito usado na famosa jornada do herói, estrutura muito usada em filmes e histórias de ficção em geral;
- Crescimento: no qual o personagem não apresenta nenhuma mudança substancial, ele ainda é a mesma pessoa, mas com uma correção de caráter, uma superação;
- Queda: tipo de arco em que o personagem pode começar negativo, tender ao positivo (abrir mão do seu defeito / problema), mas decidir continuar na mesma situação problemática ou até mesmo pior do que começou.
No mínimo, você precisa idealizar que tipo de arco seu protagonista irá traçar. O clímax da estória depende das escolhas do protagonista em função deste arco.
Resumo de capítulos
Finalmente, depois de traçar os principais eventos da narrativa, é interessante fazer um roteiro ou resumo do que será escrito em cada capítulo.
Isso é interessante também para o escritor ter uma ideia de como esses eventos serão distribuídos ao longo do livro e se a estória não está se afastando da estrutura dos Atos.
O resumo de capítulos ainda ajuda a vencer a página em branco, pois o autor terá um mapa para navegar entre as páginas a serem escritas. Assim se vence o tão temido bloqueio criativo.
Passo #4: Sente e escreva!
Seja no computador, na máquina de escrever, em um caderno, agora é a hora de colocar a mão na massa e executar tudo o que foi imaginado e planejado.
Não tem mistério, é sentar e escrever página por página, capítulo a capítulo, até o grande final que vai surpreender completamente sua audiência.
Afinal, tudo o que é preciso para ser um escritor é escrever continuamente!
Planejamento não engessa
Depois de ter tido um trabalhão para planejar os pilares da estória, é comum que os escritores se sintam “presos” ao que foi planejado. Mas, o planejamento não deve servir para engessar seu processo criativo.
Lembre-se que a proposta deste processo é ser dinâmico. Ou seja, o planejamento é seu norte, mas, ao longo da escrita, você pode assumir outras ramificações anteriormente não avistadas nas etapas anteriores.
Em outras palavras, você pode fazer novas descobertas enquanto escreve! E tudo bem. Pois, isso não muda o fundamento da sua estrutura. Analogamente à construção de uma casa, é apenas uma cor de tinta diferente do que pensada anteriormente. É um acabamento a mais, porém, o chão e a parede permanecem os mesmos.
Passo 5: Revise e aprimore
A primeira versão do seu texto ainda vai precisar de alguns ajustes antes de ser levado aos leitores. O próprio escritor precisa fazer esses aprimoramentos, analisando se:
- Houve furos na estrutura;
- Os eventos foram usados corretamente, como o planejado;
- Cometeu erros de digitação, erros gramaticais e ortográficos;
- Teve incoerências ao longo dos capítulos;
- A linguagem está adequada;
- O texto agrada o máximo possível
- Etc.
De forma geral, sabemos que os escritores amam escrever e querem sempre acrescentar mais alguma coisa. Porém, em média, quando o texto está cerca de 90% bom para o autor, está perfeito para passar pela edição e ser publicado.
Portanto, reveja como escrever um livro passo a passo com as etapas definidas pela nossa fundadora, Dani Ferreira, e transforme sua ideia em livros inesquecíveis. Assine nossa neswsletter para receber mais dicas redigidas pela Redação BookLabs!
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